close
Gastronomia

Wine, please!

Solucionamos algumas questões que podem te impedir de entrar de cabeça na onda dos vinhos!

Em um período de grandes extremos e divisões sociais bem delimitadas, o interesse crescente por uma das bebidas mais antigas do mundo une o país de norte a sul: cada vez mais em evidência no mercado nacional, o vinho entrou na vida dos brasileiros para ficar. É o que diz o relatório Brazil Landscapes deste ano, documento produzido pela Wine Intelligence que traz as principais tendências na área.

De acordo com o levantamento da consultoria inglesa, as intempéries político-econômicas ficam completamente à margem quando se trata do mercado de vinhos, que tende a crescer. Hoje, 72% dos 32 milhões de consumidores regulares de vinho no Brasil têm interesse em conhecer e experimentar diferentes estilos e tipos de vinho. 

Com a alta do consumo e a chegada do inverno, cresce também a curiosidade sobre o produto que tanto se consome nas estações mais frias do ano, e sobre as infinitas formas de consumi-lo. Em um universo tão vasto quanto este, dúvidas e inseguranças na hora de atestar seus conhecimentos e harmonizar a bebida são comuns devido à grande variedade de uvas e processos de fabricação.

Mas, dos mais clássicos, como o Cabernet Sauvignon, o Merlot ou o Tannat, às variedades mais novas no mercado brasileiro, como o Teroldego, o Touriga e o Carmenère, as técnicas são as mesmas para sempre acertar em cheio na harmonização. Técnicas básicas, que podem ser colocadas em prática apenas com conhecimento superficial sobre vinhos, garantem o sucesso e a felicidade do paladar.

Harmonização de similaridade
Harmonização que toma por base a semelhança entre as características do vinho e do prato. Quanto mais pesado e encorpado o prato, por exemplo, mais pesado e encorpado deve ser o vinho. 

Harmonização de contraste
Harmonização que cria um balanço entre as características do vinho e do prato, criando um contraste concordante entre as notas. Quanto mais gorduroso o prato, por exemplo, mais ácido e seco o vinho. A escolha pode pender, inclusive, para um espumante do tipo brut, não pendendo-se necessariamente aos vinhos tintos.

Harmonização de complemento
Harmonização mais rara, na qual busca-se trazer, através do vinho, algo que falte ao prato, e vice-versa. Pratos à base de peixe cru, por exemplo, por serem neutros e não possuírem muitos aromas, conciliam-se bem com vinhos brancos aromáticos e sazonais.

Para uma harmonização bem sucedida, no entanto, é essencial que, a priori, saiba-se selecionar e escolher bons vinhos. Não há dúvidas de que rótulos premiados e reconhecidos sejam excelentes, mas o universo dos vinhos vai muito além do que se lê em guias e catálogos. Também é fato que garrafas à faixa de U$ 500 importadas diretamente de Bordeaux, Borgonha ou Rhône, principais regiões de produção vinícola na França, jamais deixarão a desejar no quesito qualidade.

Em ocasiões de festa, porém, nem sempre é possível manter os convidados abastecidos a noite toda apenas com garrafas de Bordeaux, e pode ser necessário recorrer a rótulos mais acessíveis, que rendam quantitativamente. Mas não há motivos para considerar que rótulos de menor valor monetário sejam, necessariamente, a menores em valor qualitativo.

Ajuste suas expectativas
É importante não deixar que o costume fale mais alto na hora de escolher vinhos com custo benefício mais em conta. Não adianta sonhar com um excelente francês a menos de R$ 50 no Brasil. Dadas a taxa de importação e o câmbio atual, inclusive, encontrar qualquer rótulo francês recomendável nesta faixa de preço pode ser extremamente difícil. Investir em rótulos brasileiros, sul-americanos e ibéricos talvez valha mais a pena.

Preste atenção ao produtor
Caso não queira abrir mão dos merecidamente famosos vinhos franceses, a sugestão é não se apegar às denominações e focar nos produtores. Bons produtores tendem a fabricar diversas linhas de vinhos, e não é incomum que, dentre elas, algumas sejam mais acessíveis. O Château Mouton Rothschild por exemplo, responsável pela produção de alguns dos rótulos mais valorizados de Bordeaux, fabrica também o Mouton Cadet, de qualidade equiparável e preços consideravelmente reduzidos. 

Olhe ao redor
Não é preciso ir longe para reduzir os preços e manter a qualidade. As comunas de Macôn, Bouzeron, Irancy e Rully ficam em Borgonha, na França, mas são menos conhecidas e, por isso, menos inflacionadas. Pequenos produtores vizinhos de grandes polos de produção vinícola produzem safras menos conhecidas e de qualidade símil, vendidas a preços mais baixos do que os tradicionais vinhedos.

Busque safras menos cultuadas
Amantes dos bons vinhos sabem que grande parte do valor agregado a uma garrafa depende da safra. Não é regra, mas, por vezes, safras menos cultuadas no meio e que não estejam dentro dos mais rigorosos padrões de qualidade das próprias vinícolas podem ter seus preços reduzidos. Bons produtores fabricam bons vinhos até mesmo em safras ruins, por isso é tão importante prestar atenção a este fator.

Amplie seus horizontes
A França não se resume a Bordeaux, Borgonha e Rhône. Regiões como a Alsácia e o Loire produzem anualmente grandes vinhos a preços mais baixos do que os encontrados nas principais províncias. O sul do país está cheio de pequenos produtores com elevados padrões de qualidade, e diversos produtores famosos de Rhône, por exemplo, têm vinhedos nessas regiões nos quais produzem linhas muito acessíveis, como o renomado Michel Chapoutier.

Esta matéria foi publicada originalmente na edição 68 da revista Quem Realiza!

Tags : Brazil LandscapesharmonizaçãovinhosWine Intelligence3