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Arte e Cultura

Dominar idiomas abre portas

Thank You Word Cloud printed on colorful paper different languages

Quando era criança, ela queria ser diplomata e achava que, para seguir esta carreira, deveria estudar muitas línguas. Mas Patrícia Vittorazzi decidiu enveredar-se por outro caminho, o jornalismo. Mesmo assim, a paixão pelos estudos de idiomas sempre fez parte de sua vida. Além do apoio desmedido dos pais, que a matricularam na melhor escola de inglês em Ribeirão Preto, sempre foi incentivada desde pequena a buscar livros, filmes, ‘pen pals’ (correspondência com pessoas de outros países). “Hoje falo seis idiomas, contando com o português: inglês, francês, italiano, alemão e espanhol.”

Mas para Patrícia, a facilidade em aprender e falar outras línguas vai além da paixão. Para ela, conhecer o inglês abre portas. O domínio de outros idiomas se transformou em profissão. Hoje ela é tradutora e intérprete, além de professora e proprietária da NY Step by Step, seu escritório, situado em Midtown Manhattan, onde além de lecionar idiomas, cria roteiros personalizados para turistas que queiram estudar e passear ao mesmo tempo.

“Nunca tive dificuldades em aprender línguas, talvez por gostar muito de estudar e também por ter um excelente ouvido, o que ajuda demais no aprendizado de uma nova língua. Mas acredito que muita gente tenha dificuldade de concentração, foco, memorização ou talvez porque estude o idioma pensando num objetivo final”, relata Patrícia.

Sempre buscou desbravar e dominar uma nova língua pensando que fosse um novo país a ser explorado e que, a cada dia, poderia descobrir algo novo desta outra nacionalidade. “O alemão foi mais difícil, mas como eu já falava o inglês, ajudou muito. Para estudar todas estas línguas, sempre tive muita disciplina também. E sempre me diverti muito ao estudar, acho isso essencial”, sublinha.

Vários idiomas
Patrícia VittorazziPatrícia começou a estudar inglês aos onze anos de idade. Aos 16 já havia terminado o curso e nunca mais parou de praticar. “Lecionei em várias escolas de Ribeirão Preto, tive muitos alunos particulares e sempre mantive contato com a língua.”

Investiu ao máximo no inglês, mas não ficou por aí. “Depois eu me apaixonei pelo francês e queria saber tudo sobre este idioma. Estudei por sete anos e nesta época ouvia muita música francesa, assistia a filmes franceses, lia muito.”

O italiano foi a língua mais fácil que aprendeu – “estudei por 4 anos e me tornei fluente rapidamente porque achava uma língua muito divertida, de uma beleza sonora incrível, era quase música para mim”. Já o alemão surgiu em sua vida graças a alguns sonhos que teve. “Por incrível que pareça, eu vivia sonhando que falava alemão, até que um dia uma aluna da universidade onde lecionava se aproximou e me disse que havia sonhado comigo e que, neste sonho, eu falava alemão com ela o tempo todo.”

Pronto! Este era o sinal que precisava para começar a estudar a língua. “Naquele mesmo dia me matriculei numa escola de alemão. Foi uma aventura! A língua é muito difícil e completamente diferente das outras que havia aprendido. Então me esforçava muito, estudava muitos verbos por horas e horas e também ouvia muita música alemã.” Em pouco tempo já estava pensando em alemão, e não mais sonhando.

Já o espanhol aprendeu nos Estados Unidos pela necessidade em se falar esta língua em Nova Iorque. “Quase todo mundo aqui fala espanhol e achei importante aprendê-la”, afirma Patrícia.

Ao longo da vida contou com ótimos professores e livros, o que foi fundamental para sua aprendizagem. Mas não parou por aí! Apesar de já ter se dedicado e aprendido várias línguas, ainda tem vontade de aprender mais. “Dizem que se você fala duas línguas, a terceira se torna mais fácil e por aí vai. Eu concordo!”

Paixão
Na maioria das vezes, Patrícia estudou as línguas por paixão, porque sempre gostou de aprender um novo idioma. Mas hoje sabe o quanto esse seu interesse abriu portas no mundo do trabalho, principalmente em sua área, que é Comunicação e Educação. “Estamos cada vez mais conectados globalmente: com o avanço das tecnologias digitais, hoje é perfeitamente possível saber o que acontece do outro lado do mundo sem sair de casa. Há muito mais recursos hoje – muitos até gratuitos – do que na minha época de estudante, e com certeza estudar outras línguas faz com que você se aproxime ainda mais deste mundo globalizado e saia na frente do mercado de trabalho.”

Lembra ainda que as empresas estão em busca de candidatos atentos, participativos, engajados, sintonizados no que acontece no mundo e, obviamente, que saibam falar mais idiomas. “Estes que têm mais chances.”

Mas a partir de qual momento da vida é indicado começar a estudar algum idioma? “Sempre é hora de aprender”, frisa. Claro que crianças aprendem muito mais facilmente, quase que naturalmente, mas não há limites para o aprendizado de uma nova língua. O que é necessário é a motivação, na sua opinião.

É claro que, para otimizar o processo de aprendizagem, é interessante utilizar de algumas estratégias. “Primeiramente, é importante ouvir, ouvir e ouvir. Quando somos crianças é exatamente assim que aprendemos a falar. Depois ler muito e de uma forma bem organizada: listando as novas palavras, aplicando-as em novo vocabulário e não ter medo de falar.”

Nos cursos de imersão que ministra em Nova York é exatamente isso que faz para os alunos. “Eles estão imersos num mundo onde só se fala inglês: ao acordar, eles assistem ao noticiário, compram um cafezinho na esquina, falam com as pessoas no metrô, perguntam algo com alguém na rua, mas antes tiveram um preparo, ouviram e leram muito”, diz.

Patrícia conta que já teve uma aluna que não falava nada e resolveu fazer seu curso de um mês em NY (8 horas por dia). No final estava até cantando em karaokê. Foi uma grande vitória para ela, porque, além de tímida, tinha uma relação nada afetuosa com o inglês, quase um trauma. “Depois de um mês aqui ela continuou a estudar o idioma e, hoje, fala sem problemas.” Apenas mais dois conselhos: “para quem acha difícil estudar outro idioma, use todos os recursos disponíveis e não desista. E, claro, se for possível, viaje muito.”

Esta matéria foi publicada na ed. 68 da revista Quem Realiza.

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