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Negócios

Comércios digital e tradicional deverão ser grandes parceiros no pós-crise

Shopping Key

O varejo nunca mais será o mesmo.

Antes da pandemia o setor já buscava novas formas de se relacionar com seus clientes. Com as restrições que a Covid-19 trouxe, o varejo teve que, rapidamente, buscar uma resposta que não estava pronta para a grande maioria dos estabelecimentos comerciais: a digital.

No último sábado, em uma live, a BlueTrade, uma das cinco maiores operações da XP Investimentos, reuniu Fabrício Garcia, Vice-presidente Comercial e Operações de lojas físicas do Magazine Luiza, e Pedro Carraz, sócio da XP Investimentos e gestor do XP Malls – o maior fundo de shoppings do Brasil -, para um bate papo sobre “Como se preparar para a nova era do varejo?”.

“Nossa preocupação nesta pandemia é ajudar nossos clientes a passarem por ela da melhor maneira possível. Agora é hora de prestar serviço, mesmo que ele não esteja diretamente ligado a nosso negócio. Por isso, a BlueTrade adotou posturas e atitudes no sentido de orientar e levar informação de qualidade por meio de lives sobre os mais variados assuntos, com lideranças do mercado em cada setor”, explica Leone Cabral, sócio fundador da BlueTrade.

No dia 20 de março, as 1148 lojas do Magazine Luíza espalhadas pelo Brasil fecharam as portas, assim como todos 577 shoppings do país. Situação jamais imaginada.

Segundo Fabrício Garcia, neste momento, austeridade é a palavra de ordem na Magalu. Os salários dos executivos foram reduzidos, contratos renegociados, inclusive dos aluguéis de todas as lojas. O compromisso é preservar empregos. Foram implementadas medidas de curto prazo, para manter a operação, e de médio e longo/prazos, no sentido de impulsionar o sistema digital voltado para o varejo.

O foco no on line, com produtos de diversas categorias, ganhou mais impulso com o necessário fechamento das lojas, acelerando, ainda mais, a digitalização do Grupo e a entrada de novos produtos no portfólio. A integração on line/off line foi aprimorada para garantir rapidez nas entregas. As lojas fechadas são agora estoque para as vendas digitais, 600 estão funcionando assim.

Com 20 mil funcionários, sendo 12 mil vendedores, o mobile vendas, que já existia, foi transformado em mobile remoto para o vendedor trabalhar de casa. A performance está melhor que o esperado

Foi criado o Parceiro Magalu, uma plataforma de vendas on-line voltada para o micro e pequeno varejista. Em uma semana, a plataforma tinha 10 mil pequenos negócios agregados, alguns já surpreendo com a recuperação das vendas, segundo Garcia. Para ele a lição que fica é que o e-commerce pode ser, sim, uma saída para os pequenos negócios. O Brasil tem 5 milhões de varejistas, cerca 5 mil são, minimamente, digitalizados, disse Garcia.

Os 175 mil lojistas dos 577 shoppings do Brasil também fecharam as portas. Uma negociação garantiu o não pagamento dos alugueis durante o fechamento das lojas, mas todos continuam arcando com os condomínios.

Alguns shoppings estão sendo reabertos, gradativamente por modelo de operação, porém com muitas incertezas. O consumidor dará o tom da retomada. Segundo Pedro Carraz, da XP Investimentos, o patamar de venda física não será o mesmo da pré-crise, o que significa que o comércio de shopping também terá que se reinventar, reaprender, digitalizar, e, mutuamente, se ajudar.

Carraz afirmou que o negócio de shopping no Brasil, que tem pouco mais de 50 anos, está mais preparado do que o do resto do mundo, primeiro pelas localizações em centros urbanos e segundo pelo mix de lojas. A mistura de prestação de serviço, entretenimento e comércio é o que fará o setor recuperar-se.

Segundo Garcia e Carraz os dois segmentos de varejo têm um grande desafio pela frente. A digitalização é uma das saídas, mas as lições aprendidas com a crise permanecerão. Os custos cortados e a austeridade devem ser incorporados ao novo modelo do velho negócio.

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