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Tendências

Assexualidade: a orientação sexual em questão

Segundo o médico psiquiatra, sexólogo e diretor do IES Arnaldo Barbieri Filho, o assexual não tem desejo sexual e não sofre por isso; para 7,7% das mulheres e 2,5% dos homens brasileiros o sexo não faz falta

Nos últimos dias, uma nova orientação sexual ganhou destaque nas redes sociais e na imprensa em geral: a assexualidade. O termo é pouco conhecido e ser assexual é não ter interesse por sexo e não sofrer por isso. Ocorre também que muitas pessoas não fazem ideia de que esse comportamento exista.

Segundo o médico psiquiatra, sexólogo e diretor do Instituto de Estudos da Sexualidade (IES) de Ribeirão Preto (SP) e Delegado do Estado de São Paulo da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana (SBRASH) Arnaldo Barbieri Filho, a sexualidade da população sempre teve grande diversidade e, hoje, é muito mais estudada e divulgada. “Por ser ampla, muitas pessoas ainda não conhecem e não entendem as nomenclaturas que são utilizadas e definem o comportamento sexual. A assexualidade está em discussão pois um participante de um reality show brasileiro compartilhou a sua história em rede nacional, o que provocou questionamentos por parte da imprensa e a procura por especialistas sobre o assunto”, explica.

Números – De acordo com o Programa de Estudo da Sexualidade (ProSex), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, entre os brasileiros, 7,7% das mulheres e 2,5% dos homens, na faixa de 18 a 80 anos, não se interessam por relações sexuais.

“A assexualidade é uma orientação sexual, tal qual a heterossexualidade, a homossexualidade e a bissexualidade.  Assim, não é considerada doença e, portanto, não é necessário nenhum tratamento. O prazer do sexo pode ser substituído por outras ações na rotina diária como, por exemplo, uma atividade física específica”, adianta Filho.

De acordo com Filho, a descoberta da assexualidade não tem idade para acontecer. “É variável. O importante para definir a orientação como a assexual é que a pessoa não tenha desejo sexual e não sofra por isso.”

Por outro lado, muitos indivíduos têm falta de desejo por problemas no relacionamento, por diminuição de testosterona, por efeitos negativos de inúmeras medicações ou por conta de várias doenças. Pílulas anticoncepcionais, antidepressivos e até drogas para colesterol podem prejudicar a vontade por sexo. Assim como ocorre com muitas doenças como a depressão e o hipotireoidismo. Tais pessoas não são consideradas assexuais e se beneficiam com o tratamento adequado.

Para Filho, se surgirem dúvidas em relação à sexualidade é imprescindível consultar um profissional de saúde especialista no assunto. Outro ponto importante é que independente da orientação sexual, todos precisam ser respeitados.